Monday, November 13, 2006

mas já foi

quero voltar
passado admirável
quero voltar
memórias encantadas
quero retornar
às vidas passadas
quero voltar
às almas amadas
quero retornar
ao teu mundo
ao meu mundo
ao nosso labirinto
às tuas inseguranças
às minhas insanidades
às tuas ausências
à minha sinceridade
ao teu medo
ao meu amor
à tua poesia
ao meu encanto
às nossas quimeras
às nossas diferenças
à minha intolerância
à tua passividade
ao teu perfume sem perfume
ao teu toque sentido
ao meu abraço apertado
ao nosso amor perdido!

Tuesday, November 07, 2006

sonho nº2

um amarelo artificial invadia o supermercado, era meio da tarde, mas dentro, na presença daquela cor torrada parecia que a noite há muito havia nascido.
apressei-me nas compras, rebolando sobre as estantes e grandes cestos de promoções! quem estava comigo discutia o que comprar, o necessário desnecessário enchia o lote das compras!
na caixa, enquanto os produtos apitavam a conta no ecrã crescia até chegar a um valor de 500 e tal euros! antes de tirar o meu cartão a empregada apressou-se a dizer que não teriamos crédito para tanta panóplia de produtos. nem mostrei a minha indignação, aliás nem sabia se teria dinheiro, nem que valor era aquele, o meu cérebro estava fustigado de números e equações, dúvidas éticas, filosofando sobre o consumo e a alienação das sociedades.
estava no oásis da hipocrisia sobre as minhas dúvidas e fomos proibidos de passar cartões multibanco nos supermercados, os sonhos têm destas regras estrambólicas. de repente, enquanto olhava o chão do supermercado o sonho transportou-me para outro supermercado, este já sobre a luz natural. alias o supermercado acabava subitamente onde começava uma bela praia em que aqui e ali brotavam arvores de paisagens campestres!
não obstante este cenário surreal, enquanto patinava sobre os corredores do consumo deparei-me com uma briga entre alguns jovens, talvez um pouco mais novos que eu, um que parecia líder do gang, que chamarei x, insultava com verborreia racista um negro que parecia não querer confusões. enquanto lhes virava as costas e de alguma forma que não consegui perceber como, x conseguiu encher os bolsos do rapaz negro com produtos que mais tarde apitaram as máquinas de controlo na saída. a situação tornou-se caótica e o sonho transportava-me alternadamente entre mim e o negro. enquanto a polícia não chegava deitei-me na praia e observei a cara vergonha de x, escondia-se na areia, só se vendo a sua cabeça que evitava enfrentar olhares das pessoas.
entretanto chegava a polícia e um dos empregados informou a polícia nada tinha apitado, que tinha sido um mero engano. nesta altura já quase sentia o aconchego dos lençóis e a caras tornavam-se ofuscas e desfocadas até o acordar...

Thursday, November 02, 2006

hoje compreendo
meu passado
cristalino, límpido
seguindo um fluxo
de correntes
ventos, pressões
de vidas perdidas
erros infantis
maturidade precoce
medo de amar
relutância em aceitar
diafragma contraído
timidez absurda
teimosia bruta

hoje aceito
o destino deixado
o amor solitário

nunca saberás
as paixões passageiras
os segredos por contar
as vidas por partilhar
os inúmeros gestos
que teria
para te dar